Cripto e Divórcio: A Nova Fronteira na Divisão de Bens

Innerly Team Crypto Regulations 4 min
O papel das criptomoedas no divórcio: estrutura legal da Coreia do Sul, desafios de privacidade e impactos regulatórios globais.

As criptomoedas passaram de um investimento marginal para uma classe de ativos mainstream, e agora estão causando impacto nos acordos de divórcio. À medida que moedas digitais como Bitcoin e Ethereum se tornam mais comuns, entender como elas se encaixam nos patrimônios conjugais é essencial para quem está passando por um divórcio. Este artigo explora a abordagem da Coreia do Sul em relação às criptomoedas no divórcio, as questões de privacidade que elas levantam e como outros países estão lidando com isso.

Abordagem da Coreia do Sul: Um Modelo para o Mundo?

A Coreia do Sul está à frente quando se trata de integrar criptomoedas em seu sistema legal. De acordo com o Artigo 839-2 do Código Civil Coreano, tanto os bens tangíveis quanto os intangíveis estão sujeitos à divisão durante um divórcio. Isso foi ainda mais esclarecido por uma decisão da Suprema Corte em 2018 que reconheceu o valor econômico dos ativos virtuais. Portanto, quaisquer criptomoedas adquiridas durante o casamento são consideradas parte do patrimônio conjugal e estão sujeitas à divisão.

Essa estrutura legal serve como um estudo de caso interessante para outras jurisdições que ainda estão tentando descobrir como lidar com ativos digitais. Ao classificar as criptomoedas como ativos intangíveis, a Coreia do Sul garante que elas recebam o mesmo tratamento que os ativos financeiros tradicionais, abrindo caminho para procedimentos claros em casos de divórcio.

A Espada de Dois Gumes da Privacidade

Embora classificar a criptomoeda como um ativo intangível tenha suas vantagens, também levanta preocupações significativas de privacidade. As criptomoedas são armazenadas em carteiras digitais e registradas em livros-razão descentralizados, tornando-as difíceis de rastrear. No entanto, especialistas forenses desenvolveram métodos para rastrear transações de criptomoedas por meio de endereços de carteiras digitais e até mesmo declarações de impostos.

Essa capacidade é crucial em casos de divórcio onde uma das partes pode estar tentando esconder ativos. Na verdade, ativos ocultos podem afetar dramaticamente como a propriedade é dividida. A supervisão governamental torna-se essencial aqui; por exemplo, o IRS classifica as criptomoedas como propriedade pessoal intangível e as tributa sobre os ganhos reconhecidos. Isso cria um rastro de papel que pode ser útil em processos de divórcio.

Estudos de Caso: Quando as Coisas Dão Errado

O potencial para esconder ativos em criptomoedas não é apenas teórico; está se tornando uma preocupação real em casos de divórcio. Um exemplo notável ocorreu em Nova York, quando uma esposa descobriu as participações ocultas de Bitcoin de seu marido durante o processo de divórcio. Ao contratar um contador forense, ela descobriu 12 BTC no valor de cerca de $500.000 armazenados em uma carteira não divulgada.

Este caso destaca a importância de uma investigação minuciosa de ativos e o papel dos especialistas forenses em descobrir ativos digitais ocultos. Tais casos ressaltam como é crucial que os sistemas legais se adaptem aos desafios colocados pelas criptomoedas.

Perspectivas Globais: Aprendendo com a Coreia do Sul

A estrutura regulatória abrangente da Coreia do Sul para criptomoedas pode servir como um modelo para outras nações. A Lei de Proteção dos Usuários de Ativos Virtuais (VAUPA), que entra em vigor em julho de 2024, inclui disposições para proteger os ativos dos usuários e regular práticas comerciais injustas.

O que torna essa lei particularmente interessante é sua ênfase nos requisitos de combate à lavagem de dinheiro (AML) e conheça seu cliente (KYC). Essas medidas não apenas promovem a transparência, mas também se alinham com as normas internacionais, facilitando transações transfronteiriças e a cooperação na regulamentação de ativos digitais.

Resumo: O Futuro das Criptomoedas nos Acordos de Divórcio

A integração das criptomoedas nos acordos de divórcio apresenta tanto desafios quanto oportunidades. A estrutura legal da Coreia do Sul oferece um caminho claro para outras jurisdições seguirem se desejarem garantir um tratamento justo dos ativos digitais.

À medida que avançamos para esta nova era de divisão de bens, uma coisa é certa: os sistemas legais ao redor do mundo precisarão se adaptar rapidamente para acompanhar esses ativos intangíveis que vieram para ficar.

O autor não possui ou tem qualquer interesse nos títulos discutidos no artigo.